Face a "ameaça direta". Moscovo quer expandir manobras militares com aliados da Ásia

por Cristina Sambado - RTP
Ministério russo da Defesa via Reuters

A Rússia e seus aliados na Ásia devem expandir os exercícios militares conjuntos, pois enfrentam uma ameaça direta das tentativas dos Estados Unidos de expandir sua influência de segurança na região, defendeu esta sexta-feira o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu.

Shoigu falava numa reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), um grupo de segurança que inclui Rússia, Índia, China, Irão, Paquistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão.

Creio que todos os presentes partilham a opinião de que a instalação de infraestruturas militares na região por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados é inaceitável”, afirmou Shoigu, num encontro da organização que está a decorrer em Astana, capital do Cazaquistão.

“Tais intenções devem ser consideradas como uma ameaça direta à estabilidade no espaço da OCX”.

Sergei Shoigu realçou que “os países membros da Organização de Cooperação de Xangai devem alargar o âmbito e a geografia dos seus exercícios militares”.

No discurso, o governante sublinhou a intenção da Rússia de reforçar os laços militares com os parceiros na Ásia e resistir a qualquer erosão da sua influência no continente, apesar das intensas exigências impostas ao seu exército pela guerra que trava há mais de dois anos na Ucrânia.
A nível interno, a posição de Shoigu está a ser alvo de um escrutínio maior do que o habitual após a detenção de um dos seus adjuntos esta semana num escândalo de suborno, um desenvolvimento que ameaça enfraquecê-lo politicamente.
No discurso, Shoigu acusou os blocos QUAD (Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia) e AUKUS (Austrália, EUA e Reino Unido), ambos liderados por Washington, de tentarem remodelar a estrutura de segurança no Pacífico para se servirem e afirmou que estava a ser exercida uma pressão crescente sobre a China relativamente a Taiwan.

Para Shoigu, a principal ameaça na Ásia Central provém de “grupos terroristas radicais localizados no Afeganistão”. Os Estados Unidos estão a trabalhar para restaurar a influência na região, que perderam após a retirada das suas tropas do Afeganistão em 2021.

Os militantes do Estado Islâmico reivindicaram a responsabilidade pelas mortes de mais de 140 pessoas numa sala de concertos perto da capital russa, no mês passado, e os Estados Unidos disseram que foi a rede afegã do grupo que planeou o ataque. No entanto, o ministro russo da Defesa repetiu a afirmação de Moscovo de que a Ucrânia estava por detrás do ataque, uma alegação que Kiev negou e que Washington diz ser absurda.

Sem apresentar provas para sustentar as afirmações, Shoigu acusou conselheiros estrangeiros de estarem a ajudar Kiev a preparar atos de sabotagem em território russo e que a Ucrânia estava a usar armas ocidentais para atacar infraestruturas civis russas.

c/ agências
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